Você tem dificuldades nos estudos?
Sente como se não assimilasse todo o conteúdo?
Não vê a hora de acabar as aulas do Curso/Escola/Faculdade… ?
Sente-se sobrecarregado ao estudar os conteúdos para um exame?
Você não está sozinho.
E não é um péssimo aluno.
Antes de qualquer coisa, não irei abordar sobre dificuldades concernentes à psicopatologias REAIS, mas aquelas inerentes ao sistema de ensino.
O fato é que estamos sobrecarregados.
Não é normal termos que estudar horas e horas para passar em um exame. Na realidade, se o sistema de ensino fosse bom, não precisaríamos estudar exatamente o mesmo conteúdo fora da instituição de ensino, porque teríamos assimilado-o ainda em aula.
Como já abordei no artigo Um sistema de ensino criado para não ensinar, as escolas/universidades como vemos hoje, são reflexo de um processo de industrialização e, ainda, suas bases remontam ao século 12, criadas pelas instituições de caridade católicas.
Me pergunto, como as escolas e universidades, que mantêm seus moldes desde o século 12, com modificações para se adequar à indústria a partir do século 19, podem fornecer ensino de qualidade na era digital?
A resposta é que não fornecem. E graças a isso temos uma porcentagem gigantesca dos alunos que se consideram péssimos alunos, ou acreditam possuir alguma doença de atenção.
Do mesmo modo que, segundo pesquisa do Relatório De Olho nas Metas 2011, cerca de 89% dos estudantes, que completam o ensino médio, não sabem o mínimo esperado sobre matemática e língua portuguesa.
O ensino, que deveria ser algo divertido, torna-se maçante e difícil, além de sobrecarregar os alunos com matérias e métodos ultrapassados e desnecessários. Aulas pouco dinâmicas aliada a professores com formação deficiente e modelos de aula enfadonhos resultam em alunos poucos motivados e com rendimento ínfimo.
Os exames tendem a ser piores do que as aulas, pois utilizam exclusivamente da capacidade de Memorização, resultando em fracassos quando deparados com alunos que possuem outros tipos de inteligência.
A educação, como presenciamos e aprendemos, nos induz a continuarmos fazendo o que sempre foi feito, sem inovação e sem criatividade, a famosa política do “trabalhe duro, ganhe bem”. Felizmente, as gerações atuais têm uma visão bem diferente do sucesso e do aprendizado. As gerações atuais (e o Escotismo tem feito isso com primazia) tendem a valorizar o ‘fazer’ bem mais que o “memorizar”, e esse é o melhor caminho.
Howard Gardner, psicólogo cognitivo e educacional, descreveu 7 tipos de inteligência, o que causou um reboliço no mundo educacional, e se não bastasse, após longos estudos, declarou haverem 9 tipos efetivos de inteligência:
- Inteligência Linguística – Linguistic Intelligence
- Inteligência Musical – Musical Intelligence
- Inteligência Lógica/Matemática – Logical-Mathematical Intelligence
- Inteligência Visual/Espacial – Spatial Intelligence
- Inteligência Corporal/Cinestésica – Bodily-Kinesthetic Intelligence
- Inteligência Interpessoal – Interpersonal Intelligence
- Inteligência Intrapessoal – Intrapersonal Intelligence
- Inteligência Naturalista – Naturalist Intelligence
- Inteligência Existencialista – Existentialist Intelligence
E novamente retornarmos ao tópico da ineficiência do ensino: o sistema ignora 90% dos alunos.
Quando se sentir desmotivado e fracassado nos estudos, lembre-se que o sistema em que vivemos é o responsável pela sua desmotivação.
Os famosos “Transtornos do Déficit de Atenção com Hiperatividade” (TDAH) foram criados para justificar a falta de eficiência do sistema educacional em todo o mundo, medicando estudantes que se recusam a seguir um padrão lógico-matemático dos sistemas de ensino, os classificando como transtornados.
Alguns consideram o TDAH como um “clássico exemplo de medicalização do comportamento desviante” – um modo de transformar um problema, que anteriormente não era considerado médico, em uma doença a ser tratada com fármacos, criando uma massificação do uso de psicoativos.
Muitos educadores, como Ken Robinson, são críticos ferrenhos do sistema educacional e da sua tentativa de “patologizar” as inteligências divergentes do método educacional utilizado. Faço, inclusive, referências ao aclamado Aldous Huxley, em sua obra Admirável Mundo Novo, e o uso da SOMA (droga que causava felicidade), pois estamos convergendo para isso.
Infelizmente, os milhões e milhões de alunos que possuem os mais diversos tipos de inteligências, continuarão a sentir-se fracassados e sem propósito até que os sistemas de ensino abandonem o modelo baseado nos interesses e imagem da industrialização.
Entretanto…
A boa notícia é que, apesar do atraso educacional significativo, estamos começando a caminhar para um conscientização e revolução educacional.
Khan Academy, Coursera, TED, RSA, Geekie, entre tantos outros, estão usando os vídeos e meios eletrônicos para “Reinventar a educação”, como bem disse Salman Khan, fundador da Khan Academy.
Novas técnicas, novo modelo, novo ensino.
A educação precisa evoluir, assim como o mundo evolui, sob o risco de continuarmos estagnados e criarmos uma geração alienada.
InfoGeekie, em seu excelente artigo “Memória e aprendizado: estratégias para o aluno lembrar” destaca Marilee Sprenger, com sete passos para ensinar os alunos e ajudá-los a memorizar:
- Atingir: envolver os alunos no processo de aprendizagem, tornando-os protagonistas. Basear a aprendizagem em problemas e usar estratégias colaborativas e cooperativas. Lembrar de considerar a atenção, os estilos de aprendizagem, a motivação e o significado, além de utilizar estratégias que envolvam diversos estímulos sensoriais.
- Refletir: dar tempo aos alunos para relacionar o novo aprendizado com o que já sabem. Deixar o aluno participar, dar exemplos, contar suas histórias. Existem estratégias para garantir que todos relacionem o novo conceito com seu conhecimento prévio, como, por exemplo, colocá-los em duplas ou em grupos para que discutam o que foi aprendido.
- Recodificar: a recodificação é um passo imperativo para que os alunos se apropriem das informações recebidas. Fazer resenhas, resumos, anotações, mapas conceituais, desenhos, esquemas sobre o que foi visto é essencial, pois o material autogerado é bem melhor lembrado. O registro personalizado desencadeia um melhor entendimento conceitual.
- Reforçar: a partir do processo de recodificar o professor observa se os conceitos aprendidos pelos alunos correspondem ao que foi ensinado e, a partir daí, pode dar feedbacks, momento em que esses conceitos serão aperfeiçoados. Essa fase dá a chance ao professor de ajustar concepções antes de elas serem armazenadas na memória de longo prazo.
- Treinar: treinar de diferentes maneiras, utilizando a aplicação, análise, a pratica mental, os pares educativos, a música, a personalização, a dança, os poemas e a criação, entre outras estratégias. A lição de casa pode ser utilizada como treinamento, assim como projetos “mão na massa”. O treinamento é a oportunidade de utilizar o conhecimento e entendimento confrontando os alunos com situações-problema imprevistas ou incomuns. O treinamento consolida a retenção do conceito na memória de longa duração.
- Rever: a revisão torna possível resgatar a informação da memória de longa duração e manipulá-la na memória de trabalho. A revisão consiste em preparar nossos alunos para avaliar a aprendizagem. As revisões podem ser realizadas individualmente e em grupos – e existem formas criativas de realizá-las!
- Recuperar: o tipo de avaliação pode afetar a facilidade ou dificuldade de recuperar algumas informações armazenadas. O processo de recuperação pode ser desencadeado por técnicas especificas. O estresse pode inibir a capacidade de acessar essa memória. Existem formas variadas de testar seus alunos, avaliá-los em dupla ou individualmente, deixar que preparem tábuas de consulta, proporcionar formas diversas de resgatar a informação através de trabalhos, provas e projetos.
Um sistema adaptativo, que considere a existência de diferentes personalidades, sem classificá-las como patologias, que entenda a necessidade de inovação e do sacrifício de abandonar as bases antigas da educação e criar novos modelos para o Novo Mundo da Era Digital.
Portanto, não existem alunos ruins, existem sistemas de ensinos que não atendem aos mais diversos tipo de inteligência. Não existem transtornos de hiperatividade, existem alunos e pessoas que pensam diferente e possuem um ritmo de vida de acordo com seu fluxo mental. O que realmente existe é DIVERSIDADE, e, infelizmente, apenas agora estamos começando a considerá-la, deixando um rastro de fracasso (não dos alunos, mas do sistema) nos anos que se passaram.
Acredito num futuro promissor, e penso positivamente quanto à educação. Creio que em breve veremos um avanço significativo, onde aliaremos a tecnologia, a psicologia educativa (e cognitiva) e educadores preparados aos mais distintos e incríveis tipos de inteligência e personalidades dos alunos.
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