Tudo começou na Grécia Antiga com um rapaz observando sua mãe, Fainarete, ajudar uma mulher num complicado parto. O rapaz era Sócrates (469-399 a.C.) e aquela situação inspirou-o a refletir sobre a aquisição do conhecimento. Dessa forma, do mesmo modo que sua mãe ajudava no parto de crianças, Sócrates desejou ajudar no parto das ideias.
Uma das suas principais crenças afirmava que a capacidade humana de aprender está contida no próprio indivíduo e, por meio de seus ensinamentos, desenvolveu a maiêutica, que significa “parir”. O método consiste no pressuposto de que o conhecimento está latente dentro de nós, podendo aflorar na medida que se responde uma série de perguntas.
No período clássico grego, a transmissão do saber era feita essencialmente pela via oral, portanto não foram encontradas evidências de que Sócrates tivesse publicado alguma obra. Sua obra e idéias são conhecidas essencialmente pelos Diálogos de Platão.
Num primeiro momento, a maiêutica conduz a pessoa para que apresente suas teorias e concepções acerca de um determinado assunto e, num segundo momento, a pessoa é exposta à novas perspectivas acerca do tema abordado.
Em síntese, o método leva a pessoa duvidar do próprio saber, revelando contradições normalmente embasadas em valores e preconceitos sociais, para, em seguida, conduzí-la à percepção de novas perspectivas. Trata-se de um processo de formação de novas ideias no qual a pessoa reflete sobre suas concepções, colocando preconceitos sobre determinado assunto em verificação, além de conduzir o nascimento de novas ideias.
Sócrates dizia que a filosofia não era possível enquanto o indivíduo não se voltasse para si próprio: “Conhece-te a ti mesmo.” O pronunciamento da Pitonisa do Templo de Apolo de que ele seria o homem mais sábio de todos, foi respondido com as palavras: “Só sei que nada sei”, numa demonstração de que a maiêutica conduz a um processo contínuo de autoconsciência e autoconhecimento.
A maiêutica é uma investigação permanente que dá ênfase na busca por daquilo que não se sabe. Para isso, desenvolveu-se o hábito de debater e dialogar com as pessoas em locais públicos, usando uma comunicação descontraída e descompromissada.
É difícil dizer certamente a origem de algumas história gregas. Essa história foi atribuída à Sócrates, em que ele é procurado por um homem que deseja contar-lhe algo sobre um amigo seu. Antes de receber a informação, Sócrates faz 3 perguntas sobre a informação.
“AS TRÊS PERGUNTAS”
Certo dia, um homem disse à Sócrates:
“- Sabe o que seu amigo tem falado por ai?”
”- Espere um momento”, replicou Sócrates “antes de me dizer tenho 3 perguntas.”
”- Primeira pergunta: você está absolutamente seguro de que o que vai me dizer é verdade?”;
“- Bem… não, realmente só ouvir dizer isso e…” respondeu o homem;
“- Então realmente não sabe se é verdade ou não.” disse Sócrates;
“- Segunda pergunta: o que vai me contar sobre meu amigo é algo de bom?”;
“- Não, pelo contrário…”; respondeu o homem.
“- Então, você quer me contar algo de mal sobre ele, mas não está certo de que seja verdade”;
“- Terceira pergunta: o que vai me contar me servirá para alguma coisa?”;
”- Não, a verdade é que não…”;
“- Então…”; concluiu Sócrates, “se o que deseja me contar, não é certo que seja verdade, não é bom e não é útil para nada, não vejo motivo para tomar conhecimento disso.”;
A Grécia Antiga é a origem da filosofia e de outras maneiras de comunicar nossas inquietações na construção da sabedoria humana. Conhecer essa origem nos ajuda a compreender a sociedade, além de inspirar histórias como “As Três Perguntas”, ajudando na memorização de uma simples técnica de validação de informação que vamos receber.
Pergunte-se, a informação que querem me passar:
1ª) É verdadeira?
2ª) É boa?
3ª) É útil?
Alguns conhecimentos ultrapassam a barreira do tempo e cuidar das informações que recebemos parece que é um deles. Num mundo onde somos bombardeados com informações e publicações a todo momento, fazer perguntas é fundamental para nos mantermos no estado emocional desejado.