Milton Pignataro Ramos da Silva
Uma coisa que costumo ouvir, sempre que participo de algum treinamento ou evento onde falamos sobre Kanban é: “qual é a melhor ferramenta Kanban?”, “qual vocês recomendam?”, “uso a ferramenta tal, gostaria de mudar para a tal, o que vocês acham?”.
Sim, existem no mercado as mais variadas ferramentas, desde as mais sofisticadas – com módulos de métricas robustos, suporte para Kanbans de portfolio, integração com outras ferramentas e mais uma infinidade de recursos – e temos também ferramentas mais simples que oferecem pouca coisa além de um quadro com alguns cartões.
Normalmente minha resposta é: A ferramenta ideal é aquela que atende as suas necessidades.
Tenho como exemplo uma recente implementação que participei, onde iniciamos um projeto no modelo Kanban. Fizemos o STATIK, definimos expectativas, vimos a capacidade de entrega do time, comparamos um com o outro e quando chegamos no passo de desenhar o quadro, deixamos a empolgação do novo projeto falar mais alto e optamos por um quadro eletrônico com o máximo de recursos que conhecíamos.
Para minha surpresa, nos dias seguintes me engajei em tentar sanar as dúvidas de alguns stakeholders do projeto. Uma dessas pessoas, bastante animada com o novo jeito de trabalhar, explorava incansavelmente a nova ferramenta e todo dia testava novas e novas formas de reportar o seu trabalho e o da equipe. Esse comportamento deveria ser muito bom, porém estava causando confusão para os outros membros do time, que ficavam perdidos no processo, questionando o tempo necessário para se obter o nível de detalhe proposto.
Foi então que se decidiu dar um passo atrás e utilizar uma ferramenta mais simples e que atendia todas as reais necessidades do time naquele momento. Com isso o time conseguiu manter o foco no serviço a ser feito e os ânimos se acalmaram. Tanto do entusiasta, que queria usar todos os recursos da ferramenta escolhida, quanto do time, que não se sentia mais perdido, entendendo o propósito das informações fornecidas pelo cartão.
O Modelo de Maturidade Kanban sugere que a evolução de um time no método deve ser evolutiva. Após este episódio, aprendi que isso deve ser levado em conta também na hora de adotar o quadro a ser usado. Na maioria das novas implementações, quando tiramos o time do caos (Maturidade 0) e mapeamos seus processos, oferecendo uma nova e mais eficiente forma de gerir a demanda frente sua capacidade (Maturidade 1), isso por si só é uma mudança cultural grande e adicionar mais complexidade no sistema através de uma ferramenta online, pode trazer frustração para o time e dificultar a adoção da prática. O simples funciona, não estressa e na maioria das vezes traz o elemento de mudança que garante a transformação do time.
Portanto, ao fazer o desenho do seu sistema Kanban, veja se o time está pronto para adotar a ferramenta escolhida. Lembre-se que uma das responsabilidades é manter um nível de stress saudável no time, para que se sintam confiantes em sair da zona de conforto em busca de melhores práticas. Respeite a velocidade do time, comece com o Kanban físico, observe a resposta das pessoas e busque alternativas se e quando houver necessidade.
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